sexta-feira, julho 27, 2007

Brixton, Bronx e Baixada: Tudo igual!


O que as paredes pichadas têm pra me dizer?” O que as pessoas tentam falar, pedir, resolver através de seus desenhos, hieróglifos ou pinturas rupestres? O que as gangues querem provar com todas as suas marcas em muros, monumentos, por todas as cidades? Tentam alcançar uma certa liberdade? Pode ser! Há muito o que se falar, mas poucos se interessam... “O que os muros sociais têm pra me contar?” Por que há divisão, injustiças e preconceitos sociais? O que têm pra falar os que causam toda divisão social? Os muros são imaginários, porém, intransponíveis (altos, fortes e com arames farpados). “Por que aprendemos tão cedo a rezar?” Desde cedo temos uma referência, um exemplo, um refugio, alguém para direcionarmos nossos desejos e sonhos. Cristo! Oxalá! Buda! Maomé!(...) Alguém ou algo que possa deixar viva nossa esperança; algo sobrenatural, imaginário; alguém que nos escute não sei de onde. “Por que tantas seitas têm aqui seu lugar?” Nossos sonhos são apoiados em crenças, e essas crenças são fortalecidas quando um grande número de pessoas acredita nessas idéias comuns. Os que crêem unidos têm mais força para enfrentar qualquer desafio eventual. Às vezes as seitas são máfias, em busca de dinheiro; e comandadas por injustos homens, tornam suas idéias idiotas e fracas, quase nulas. “É só regar os lírios do gueto que o Beethoven negro vem pra se mostrar” Se há muito o que falar, muito o que reclamar, muito a se exigir, o que fazer? Os governantes têm que dar ouvidos aos que sofrem, têm que dar a palavra a quem vive no mundo real, têm que dar oportunidades para o povo se expressar, têm que regar com esperança o povo que carrega o sofrimento nas costas, para que esse povo, com toda sua humildade, traga a mágica da salvação para toda nação. Há esperança em todos os cantos do mundo! Mas não basta gritar! ”Mas o leite suado é tão ingrato que as gangues vão ganhando cada dia mais espaço” É trabalhando que se conquista todos os objetivos; é trabalhando que se conquista a honra; é trabalhando que se encontra a salvação pro corpo, pra alma e pra nossa própria eternidade. Mas há dificuldades que nem a plenitude de um dever cumprido supera, existem obstáculos cada vez maiores, barreiras e muros muito altos... E o muro social volta, causando cada dia mais revolta! “Tudo igual: Brixton, Bronx ou Baixada!” Não há diferenças supremas e a solução é a união. Não há diferenças, e a solução é o fim das diferenças. Não há diferenças, e a solução é a procura da paz. Não há diferenças, e a solução é o desespero. Não há diferenças, a única solução é a guerra! “A poesia não se perde ela apenas se converge pelas mãos no tambor, que desabafa histórias ritmadas com um único socorro promissor” A poesia representa a raiva e a vontade de mudanças, representa a sabedoria, o modo pensante usado para expressar desesperos. A poesia ganha mais força e consistência com a assistência de tambores, ritmos africanos que sempre foram utilizados como forma de refúgio e protesto contra todas a s opressões. A união de duas artes fortalece a causa e a luta. “Cada qual com seu James Brown, salve o samba, hip hop, reggae ou carnaval. Cada qual com seu Jorge Ben, salve o jazz, baião e os toques da macumba também” Cada cultura com seus problemas e soluções, suas fugas e jeitinhos, seus molejos e danças, seus gritos e desesperos, seus ídolos e carrascos, suas crenças e mentiras, (...), seus sonhos tardios. Apesar das criações populares diferentes, os objetivos ainda continuam sendo os mesmos: a busca da paz e seus refúgios, cheios de esperança e igualdade, para que o mundo não seja mais justo, e sim, JUSTO!

2 comentários:

Anônimo disse...

(L)
de volta, né amor!?
todo bonito você fazendo análise musical. hahaha

************:

Gabriel disse...

Sensacional análise. Pena que só estou lendo isso em 2015...